quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ah, pois dói!


Quanto mais se sobe mais alta é a queda. Sempre ouvi dizer isto. Deve ser por isso que os nossos pais nos avisam, vezes sem conta, logo desde que somos pequeninos, que não devemos empoleirar-nos em coisas. Nem bancos, nem cadeiras, nem corrimões, nem janelas, nem nada, que depois se caímos é uma grande chatice, ficamos com um galo na cabeça e até podemos ir parar ao hospital, onde nos torturam com agulhas gigantes e isso. Eu acho que esta história da queda das alturas se vai repetindo algumas vezes ao longo da nossa vida, já os pais não estão lá para fazer o aviso. E nós, embora crescidos, esquecemo-nos dos galos na cabeça e até já perdemos o medo das agulhas grandes (não eu, claro) e lá subimos e lá caímos. Porque vamos aprendendo a subir e isso é mesmo bom, subir tudo, subir, subir, subir. O problema do subir é que é muito difícil mantermos as coisas assim lá sempre em cima. É como as paixões, por exemplo. Uma paixão é uma paixão. Mas uma paixão lá em cima não tem nada que ver com as outras. E depois as pernas do banco gigante partem-se e nós caímos mesmo de rabo no chão. E se o banco era alto. Depois lá está, é das tais coisas, como já não somos pequenos, já não está ali uma mãe e um pai mesmo ao lado, para nos dar a mão e ajudar a levantar e dar mimos “coitadinha da menina”. O curioso é que, embora tenhamos mais de 1,50m de altura (exceptuando os anões e sem ofensa a eles) choramos na mesma. Muito mais, mas mais baixinho, para os vizinhos não ouvirem. Que já não somos nenhuns meninos e dá mesmo uma grande cana estar ali na sala aos berros “ai, ai, que eu subi ao banco gigante da paixão e as pernas do banco partiram-se e agora ai, ai”. E ficamos ali. Muito tempo porque a queda foi mesmo alta e parece que partimos os ossos todos do corpo, mesmo os ossos dos dedos mindinhos. Já viram bem? Partir os ossos dos dedos mindinhos? Aquilo nem dá para pôr gesso nem nada, pôssa.

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