A imaginação é que sabe
Fazia colares com contas coloridas, muitas de diferentes formas e tamanhos e texturas. Desenhava linhas preto no branco, copiando o que os olhos observavam. Também escrevia. Sobre tudo e sobre nada. Gostava daquele ritual de dar permissão aos dedos para tocar o teclado no compasso que bem entendessem, ora freneticamente ora num ritmo preguiçoso. Certo dia, querendo dar espaço a um novo afazer, decidiu espicaçar a imaginação.
- Se te pedisse um desafio mesmo, mesmo difícil de cumprir, qual seria ele?, perguntou.
- Se me pedisses um desafio mesmo, mesmo difícil, sugeria que aprendesses uma língua diferente, respondeu a imaginação.
- Oh, isso não é um desafio muito desafiante, respondeu ela.
- Calma, disse a imaginação, não me deixaste terminar. Esse desafio seria para ser posto em prática no mundo dos sonhos, durante a noite.
- Como?, perguntou ela, de olhos espantados.
- Quando vais dormir, sonhas todos os dias que estás a aprender uma língua nova. E quando acordas, percebes que vais evoluindo… até saberes de cor todas as palavras que aprendeste.
- Ah, respondeu ela, isso, sim, é um desafio mesmo, mesmo catita.