sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sunshine mood


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Dreamland


quarta-feira, 20 de maio de 2015

A importância de uma cuvete

Não sou pessoa de água gelada. Não aprecio água, muito menos gelada. Mas a verdade é que mantenho uma garrafa (de água) vazia no frigorífico e nunca percebi bem por que razão o faço. Tens água fresca?, perguntam. Não tenho porque me esqueci de encher a garrafa, respondo. Talvez seja a necessidade de me defender perante a pergunta da água fresca, embora a minha resposta possa revelar que sou uma pessoa mesmo distraída. Aos olhos de quem pergunta, sou a pessoa que bebe a água da garrafa e se esquece de voltar a enchê-la. Por outro lado, e digo isto com muito orgulho, a minha cuvete tem sempre pedras de gelo. Em todas as cavidades. E isto, sim, prova que sou uma pessoa atenta quando se trata de preparar uma bebida decente. Nem que seja um copo de água da torneira. Com gelo. 

(Um dia adiciono esta informação ao meu CV)

Isto assim não dá

Naquele dia, ela decidiu que as coisas iam ser diferentes. Não acordou com a ideia em mente, nem sequer lhe ocorreu tal coisa ao longo do dia. Não, foi assim um pensamento súbito que aconteceu no preciso momento em que se olhou ao espelho quando foi escovar os dentes e percebeu que tinha os óculos postos na cara. Não é comum isso acontecer. Cada vez que se movimenta pela casa tem o hábito de largar os óculos. Mas naquele dia, por alguma razão, não o fez. Ainda a escovar os dentes sorriu ao imaginar o que podia acontecer se mantivesse os óculos na cara. Aconteça o que acontecer, não vou tirá-los, pensou. Lembrou-se depois de todos os momentos em que ele se esquecia de tirar os óculos e acabava invariavelmente por dizer: mas o que é que eu estou a fazer com isto na cara? Normalmente era depois de terem trocado aqueles beijos, uns mais sôfregos outros mais doces, quando os óculos já os tinham atrapalhado o suficiente. Chegado o momento, olá, trocaram então os tais beijos. Clanc. Óculos com óculos, diz ele. E ela nada. Minutos depois. Ele: Vou mas é tirar os óculos. Oh, já?, pergunta ela. Já, responde-lhe. Estragaste-me a brincadeira toda, refila ela. Agora como é que vou terminar o meu texto sobre namorados enamorados e guerra de óculos? Ele encolheu os ombros e calou-a com beijos.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Ser engraçada, cair em graça ou engraçar

Sem dúvida, engraçar. Tenho um fraquinho pela expressão engraçar. Engraçar é assim gostar como se sentíssemos uma espécie de mini cócegas em sítios do nosso corpo que não conseguimos bem identificar. Se conseguíssemos, diria que é à volta do umbigo. Engraçar é quando estamos com um sorriso preso nos lábios e nem damos conta de que ele está lá. Às vezes nem o espelho o vê. E se o espelho é espertalhão! Engraçar também pode ser o entusiasmo aos pulos de contente, mas sem grande alarido. Do género, 'ah e tal vou ser discreto e comedido, como se estivesse a saltar em cima de um trampolim ao mesmo tempo que tento comer algodão doce sem me lambuzar todo (isto é o entusiasmo a pensar, claro). Engraçar é, por exemplo, ter um fraquinho por pessoas que nos abanam ao de leve até fazerem com que a felicidade entre todos os dias um bocadinho mais. Se não perceberam bem esta parte do abanar, é imaginar mil formigas a soprarem todas ao mesmo tempo na nossa direcção. Isto abana-nos ao de leve, de certeza absoluta. Engraçar também é saber perceber a graça, mesmo quando ela vem disfarçada de qualquer coisa, especialmente de entrelinha. Graças que adoram disfarçar-se de entrelinhas são engraçadas. Engraçar é tão bom.