E a moral da história?
Aquele
reino ficava mesmo no cimo de uma montanha gigante, a tocar no céu.
Apesar da montanha ser assim gigante, o reino era o mais pequenino do
mundo inteiro. Ali todas as pessoas viviam quase felizes, todos os
dias. Só não eram totalmente felizes, porque ainda ninguém tinha
conseguido ajudar a princesa do reino a concretizar o sonho dela.
Sim, a princesa tinha um sonho. De manhã, da janela do quarto, que
ficava mesmo encostada a uma nuvem no céu, a princesa via um animal
a brincar lá em baixo, na floresta que existia no fundo da montanha,
um sítio onde nenhum dos habitantes do reino tinha estado, porque
era impossível descer até lá. O animal que a princesa via era
diferente de todos os que existiam no reino. Era assim como um
cavalo, mas tinha um corno na cabeça e no corpo tinha todas as sete
cores do arco íris, vermelho, amarelo, verde, laranja, azul claro,
azul um bocadinho mais escuro e violeta. Tinham dito à princesa que
aquele era um animal mágico. Chamavam-lhe unicórnio. E todos os
dias a princesa pensava numa forma de o unicórnio conseguir subir a
montanha, para se juntar aos animais do pequeno reino e nunca mais
ter de brincar sozinho lá em baixo. Era uma preocupação que ela
tinha desde sempre. Certo dia, os habitantes do reino juntaram-se
todos e decidiram que no próximo aniversário da princesa, iam
entregar-lhe o unicórnio de presente. Então, a partir desse
momento, todas as pessoas decidiram que essa seria a tarefa mais
importante da vida delas.
Um
dos habitantes, que era o mais forte de todos e aquele que tinha as
melhores ideias, sugeriu apanharem o maior número de estrelas do céu
e com elas fazer umas escadas que chegassem até ao fundo da
montanha. O problema era conseguir apanhar as estrelas do céu.
Porque toda a gente sabe que as estrelas são muito difíceis de se
deixar apanhar. São demasiado cintilantes e ninguém consegue olhar
para elas de frente. No meio de grande confusão, com todos os
habitantes reunidos, alguém pôs um dedo no ar e disse: eu já sei!
Durante o dia, quando todas as estrelas estão ainda a dormir,
saltamos para cima de uma nuvem e apanhamo-las com muito cuidado. E
assim foi, todos os dias, quando todas as estrelas estavam ainda a
dormir, e com a princesa do reino distraída a passear pelos jardins
do palácio, os habitantes do reino lá iam subindo às nuvens para
apanharem o maior número de estrelas possível e com elas fazer umas
escadas. Estava quase a chegar o dia de aniversário da princesa,
quando alguém disse: Então, mas esperem lá… agora como vamos
fazer a tal escada com as estrelas? É que elas, além de
cintilantes, são um bocadinho teimosas e muito livres… O mesmo
habitante que tinha dado a ideia de apanhar estrelas, voltou a pôr o
dedo no ar e disse: oh, dizemos que vamos fazer a melhor surpresa do
mundo à nossa princesa e podemos convencê-las a dar as mãos, todas
elas, até chegarem lá abaixo. Isso mesmo, é a melhor ideia,
disseram todos os outros habitantes ao mesmo tempo. Fizeram tanto
alarido que até a princesa veio à janela perguntar o que se
passava. Por sorte, conseguiram disfarçar e ela não desconfiou
mesmo de nada. Na noite que era a véspera do aniversário da
princesa, com as estrelas já todas convencidas e entusiasmadas com a
ideia e com uma luz que não ferisse os olhos dos habitantes do
reino, a magia aconteceu. Todas deram as mãos, muito apertadas, até
fazerem uma enorme corrente tipo umas escadas, que chegaram até ao
fundo a montanha. A primeira estrela a tocar o solo, tinha a missão
de chamar o unicórnio. E ela chamou. E ele veio, muito contente.
Naquele ano, o dia de aniversário da princesa, foi o mais feliz de
sempre no reino. Porque a princesa fez o sorriso mais bonito e porque
o unicórnio nunca mais teve de brincar sozinho.
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