sábado, 13 de maio de 2017

Insónias

Clic. Apagou a luz ao mesmo tempo que fechou os olhos. Estava escuro, mas os pensamentos brilhavam como pirilampos coloridos na cabeça dela. Esforçou-se para fazer com eles o que fez com o candeeiro, embora não quisesse apagá-los. Queria apenas adormecê-los. Despir-se deles como fez com a roupa que tinha vestida antes de entrar na cama. O corpo estava imóvel, o quarto em silêncio, mas os pensamentos, esses, não tinham sossego. Continuavam brilhantes, a saltitar, a chamar a atenção como uma criança mimada. Talvez se os embalar como fazem as mães para adormecer os filhos quando lhes pegam ao colo, pensou. Talvez se lhes der uma palmadinha contida nas costas, continuamente. Talvez cantar-lhes uma canção bonita ao ouvido. Talvez assim os pensamentos adormeçam. Fechou os olhos com mais força. Tanta força que quase sentiu a pressão das pestanas contra a pele. Não, hoje não vou conseguir vencer a força dos pensamentos que parecem pirilampos coloridos na minha cabeça. Talvez o sono os vença. Eu não.

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