Dos vícios que nos matam
Pegou no pacote de tabaco, retirou-lhe a quantidade certa com a ponta dos dedos e colocou na máquina de enrolar cigarros. Passou a língua na linha de cola da mortalha, ajeitou o tabaco e o filtro como se estivesse a aconchegá-los um ao outro e fechou a máquina num gesto rápido. O cigarro surgiu miraculosamente enrolado. O ritual era-lhe prazeroso e pesaroso. Prazeroso porque lhe acalmava o vício, pesaroso porque desprezava o vício. Deu três voltas ao isqueiro na mão, mesmo antes de fazer disparar o lume. Nunca percebeu por que razão o fazia, nem mesmo quando perdeu tempo a pensar nela, na razão. Acendeu o cigarro, sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Esperou uns segundos até levar o cigarro à boca outra vez. Sugou o fumo e libertou-o logo de seguida até perder o fôlego. Uma brisa fê-lo desaparecer. Olhou para o cinzeiro e esmagou-lhe a ponta do cigarro dando pequenos toques contra o fundo, até apagá-lo de vez. Era assim que ela fumava um cigarro.